4 de ago. de 2011

Ações "pirotécnicas" que combatem à corrupção


Ações "pirotécnicas" que combatem à corrupção

  (*) Anderson Nunes dos Santos


Os recentes casos de ações policiais com foco no combate  à  corrupção no RS me lembram uma frase muito usada e que  especialmente  nas periferias se escuta com frequência : " as algemas da polícia são apenas para pobres e negros" .   Pois o que tem ocorrido no estado é completamente o inverso :  a Polícia Civil e a Brigada Militar estão atuando no combate aos grandes saqueadores dos cofres públicos, ou seja, aqueles que não usam abrigos de marcas esportivas nem bonés virados para trás, mas senhores de terno, gravata e punhos de seda.

Esta inversão da lógica  (dos de cima)  de que polícia serve apenas para prender o "ladrão de galinha"  há  alguns anos já vem sendo desmistificada  no Brasil  pois o governo do ex-presidente Lula colocou a Polícia Federal para coibir as ações destas que são as verdadeiras quadrilhas que roubam não apenas o nosso dinheiro desviando recursos públicos para garantir privilégios privados, mas tiram daqueles que mais necessitam do apoio do Estado  que deixa de investir em áreas vitais como saúde, educação, moradias populares, etc...

Neste novo Brasil que inverteu a lógica da ação policial, não foram poucas as reações originadas das classes mais ricas de contrariedade com estas operações, utilizando argumentos do tipo  "perseguição política",  "exposição demasiada dos acusados" e " pirotecnia". Estas são algumas das ponderações sobre como a polícia deve agir em casos que envolvam pessoas com poder aquisitivo mais elevado, inclusive questionando o uso de algemas em determinadas prisões, porém o que os porta vozes desta elite corrupta e sanguessuga esquece de noticiar é o porquê destes ilustres cidadãos estarem sendo presos como qualquer pessoa que cometa uma infração.

Muito se fala no Brasil que a corrupção é um câncer e que nosso País , através de seus governantes ,  não faz nada para que esta chaga seja estancada  e  não é raro o dia em que os grandes veículos de comunicação nacional não apresentem acusações de corrupção, de desvios e de mau uso do dinheiro público nas mais variadas áreas, em seus telejornais, revistas e jornais.  Porém quando o Estado age, o argumento do abuso de poder e do sensacionalismo por parte das  polícias é o mais explorado em suas matérias e seus noticiários, caso os acusados sejam senhores de colarinho branco.

Alguns setores da sociedade brasileira deveriam se acostumar com a lógica que estabelece a competência das Instituições : "A Justiça Julga, a Polícia e o MP investigam, o TCU e TCE fiscalizam e a  imprensa denuncia, acompanha e noticia os fatos" . Com  isso  certamente nosso Estado e nosso País ganhariam muito mais.

E mais neste País e Estado seguramente a corrupção não aumentou, entretanto o que difere o ontem, do hoje, é que o combate a corrupção entrou no eixo das necessárias e fundamentais políticas públicas.

Encerro com uma frase do meu amigo e delegado Ricardo Anele : "A cada ação dita “circense e pirotécnica” da Polícia Civil, da Brigada Militar, do Ministério Público e do Tribunal de Justiça, mais corruptos são indiciados, julgados e presos" .

 (*)Assessor Parlamentar