16 de abr. de 2010

Penitenciária de Caxias: cabeça vazia, oficina do diabo

Existe um velho ditado que diz que cabeça vazia é oficina do diabo, e vale muito para nosso falido sistema prisional gaúcho. Ontem fiquei impressionado com o relato dado pela juíza da Vara de Execuções Criminais em Caxias do Sul, Sonáli da Cruz Zluhan ao presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia da Assembleia Legislativa, deputado Dionilso Marcon (PT) sobre a atual situação da Penitenciária Regional de Caxias do Sul (Percs).

Segundo a juiza, a Penitenciária Regional de Caxias do Sul (Percs) não é modelo em lugar nenhum do mundo. Lá o preso fica fechado na cela por 22 horas, sem trabalho prisional e com poucos agentes penitenciários. Além disso, os presos não têm direito a nada do que foi planejado para aquela penitenciária: trabalho prisional, educação e área de convivência

O mais grave, segundo ela, é que o preso fica 22 horas na cela sem fazer nada, proibido de fumar, assistir uma TV e sem rádio. Como o pátio não é murado e não tem agente, os presos vão de forma escalonada para o pátio, só uma hora por dia, e não podem fazer nada no pátio além de caminhar. Segundo Sonali, são poucos agentes penitenciários e o preso está sempre tensionando a relaçãocomos agentes. Para ela, o preso tem que ter trabalho e receber uma ocupação

Outro fato grave são as falhas no projeto da penitenciária. O projeto inicial tinha áreas de convivência, sala de estudo e refeitório para o preso, mas nada disso foi executado. Hoje o preso continua a comer dentro da cela e sem talheres.

O mais grave de tudo foi o que ouvi de um militar ontem sobre a real situação da penitenciária: As galerias da Percs estão falando a mesma língua. Para que entende da área de segurança não precisa falar mais nada.